quarta-feira, 12 de outubro de 2011

AS ORIGENS DO TEATRO

Os homens primitivos já desenhavam seu cotidiano nas paredes de cavernas ou em pedras, dançavam e “faziam teatro” imitando os rituais de caça, guerra e conquista. Vestiam peles de animais, usavam adereços feitos de ossos, peles e madeira, pintavam o corpo e juntavam-se em grupos ao redor de fogueiras para realizar seus cultos e rituais.


Ao longo da história, e com o desenvolvimento das civilizações, o que se vê é uma constante transformação e evolução destas manifestações; cada povo foi encontrando suas expressões e a maneira de fazer arte.
As transformações que ocorreram no teatro, assim como nas demais expressões artísticas estão associadas às condições socais, políticas, geográficas e aos avanços tecnológicos. A arte é um dos meios de comunicação e expressão do homem e, desta forma, um reflexo daquilo que caracteriza seu tempo na história do mundo.

GRÉCIA ANTIGA
A representação teatral grega tem origem nos ritos religiosos em honra ao Deus Dionísio, chamados Dionisíacas.  Essas festas incluíam espetáculos de mímica, dança, música, poesia, etc. No entanto, apesar da origem ritualística, o teatro grego voltou seu foco para outro aspecto: o home e seus problemas cotidianos; a questão religiosa foi, então, deixada de lado. Esse afastamento representou uma diferenciação entre o Teatro Grego e os anteriores e, desta forma, a partir do séc. VI a.C., o teatro foi se constituindo e dando origem ao que, até hoje, é referência e marco para o Teatro Ocidental.
O espaço cênico
Os teatros eram construídos ao ar livre, em formato semicírculo, nos declives das encostas, locais que proporcionavam uma boa acústica. A platéia ficava nas montanhas e o palco logo abaixo. A área da platéia é chamada de teatron e o conjunto de edificações recebe o nome de odeion. A orquestra posicionava-se me área circular de terra batida ou coberta com lajes de pedra e situava-se no fundo das bancadas, onde o coro realizava sua interpretação. No centro da orquestra ficava a thymele, um altar em bancadas a Dionísio, que servia, não só para oferecer sacrifícios, mas também como adereço. Em cada lado da orquestra, existiam as entradas para o coro. Depois da orquestra, estava a skenê, estrutura cuja função inicial foi servir como local onde os atores trocavam de roupa, mas que passa também a representar a fachada de um palácio ou de um templo. Frente à skenê estava o proscenium, local em que os atores representava seus papéis (persinagens). Um dos teatros da Antiga Grécia melhor conservado é Teatro de Epidauro, que foi construído em finais do séc. IV a. C.
                                          Teatro de Epidauros


Curiosidades
O teatro era considerado parte da educação do povo grego. Em Atenas, o comércio era suspenso durante os festivais dramáticos. Os tribunais fechavam suas portas, e os presos eram soltos das cadeias. O preço da entrada era dispensado para que não pudesse pagar, e até as mulheres, que não podiam participar de quase todos os acontecimentos públicos, eram bem recebidas no teatro. Cerca de 20 mil pessoas iam ao teatro assistir aos festivais.
Quem fazia arte nessa época?
O primeiro ator surgiu quando Téspis, um corifeu (participante do coro), destacou-se do coro e, avançado até a frente do palco, declarou estar representando o Deus Dionísio. Mas os atores ainda não eram o centro das atenções nesse período. Os escritores eram os grandes gênios da arte teatral. Aqui citamos alguns dos grandes autores gregos e parte das obras que, apesar de terem sido escritas há tanto tempo, tornaram-se clássicos e até hoje são lindas e montadas no mundo todo: Ésquilo (525 a.C); Sófocles (495 a.C); Aristófanes (450 a.C).

ROMA
O Teatro Romano era profundamente limitado, bem diferente do Teatro Grego. Os romanos não eram voltados à reflexão, ao saber e à democracia; o interesse da população era a guerra e confrontos. Isso se refletia em seu teatro.
Um bom espetáculo, para um romano, tinha que mostrar gladiadores e muito sangue. Antes de o teatro instaurar-se realmente em Roma, o divertimento era o Circo Romano, espetáculo repleto de gladiadores e leões.

O teatro romano teve diferentes gêneros, misturando influências gregas e de representações religiosas de caráter sério ou satírico, os romanos tinham uma forma muito simples de teatro, antes de entrarem em contato com a Grécia.
A partir desse contato, a simplicidade primitiva do teatro romano foi perdendo espaço e passou a copiar as formas gregas (tragédia, comédia). Começaram por traduzir peças gregas (séc. III a.C). Depois os romanos escreveram peças adaptando temas gregos ou inventando os próprios temas, (normalmente baseados na História) nos quais a violência prevalecia. O apogeu do teatro romano dá-se  no século III – II a.C. com Plauto e Terêncio.
Curiosidade
Roma não dispunha de um teatro permanente até o ano 35 a.C., mas, segundo é dito, enormes tendas eram erguidas com capacidade para abrigarem cerca de 40 mil pessoas e, logo depois das apresentações, eram destruídas.

                                               Teatro de Mérida
ÁSIA
O teatro surge por volta de 30 anos d.C., na Índia. Mas, há algumas centenas de anos, nos textos da Índia ou do Tibet, o drama, a dança e a música já existiam associados ao culto religioso.
A origem do teatro hindu está contida na relação entre a dança e o culto nos templos. A dança é um agrado aos Deuses e uma forma de homenageá-los.
Quatro manifestações artísticas descendentes a evocação dos Deuses ainda sobrevivem na Índia. São elas:
        Baratha Natyan: Descendente direta da arte graciosa e flexível das dançarinas do templo. É praticada especialmente no sul da Índia e suas posições são retiradas do manual da dança e do teatro escrito por Bharata.
         Kathak: Forma menos severa e mais variada de dança, na qual a energia masculina e feminina funde-se. Desenvolvida no norte da Índia, sob influência dos governantes mongóis.
        Manipuri: Dança de movimentos lentos que lembram serpentes, teve origem no mundo mítico dos deuses. A lenda diz que pastoras executavam esta dança ao som das flautas de Krishina.
        Kathakali: De caráter masculino, com máscaras exageradamente pintadas, figurinos suntuosos e ondulados. Sua dança evoca deuses, macacos, homens e monstros de uma forma grotesca.
                                                          Ator do teatro Kathakali
CHINA
Nos séculos XIII e XIV, rebelião dos chineses contra o domínio mongol instigou o triunfo do drama chinês, mas isso não aconteceu nos palcos e, sim na dramaturgia. O que realmente encantava o povo eram as acrobacias e mimos, conservados até hoje na Ópera de Pequim. No Teatro Chinês, a música e a acrobacia são tradicionais e pares, um não acontece sem o outro.
Ópera de Pequim:
Os argumentos de uma ópera chinesa unem elementos trágicos e cômicos misturados, como canto, dança, narrações poéticas e acrobacias. Trata-se de uma dramatização de feitos históricos e lendas populares. Outra forma de representação é um diálogo com uma linguagem muito próxima da fala corrente e pantomimas com gestos normais. Em seu humor amável, reflete-se e satiriza a sociedade com o objetivo de instruir e entreter a platéia.
A Ópera Nacional da China é até hoje o melhor exemplo de ópera chinesa. Essa companhia surgiu da junção de vários conjuntos tradicionais de ópera que atuavam em Pequim.
A ópera foi sempre um espetáculo muito popular, tanto entre o povo chinês como entre os nobres e imperadores. Os imperadores participavam ativamente de sua elaboração, principalmente das músicas.
                                                                       Ópera chinesa

JAPÃO
O Teatro Japonês pode ser descrito como uma celebração solene de sentimentos e emoções evocando, pela pantomima (tipo de teatro que se utiliza mais dos gestos que das palavras, mímica), os poderes da natureza, até as mais sutis formas dramáticas da realeza. O que guia o teatro japonês é o poder sugestivo do movimento, do gesto e da palavra falada. Dentro destes meios de expressão, os japoneses desenvolveram um teatro bastante original, sem comparações.
No culto à lenda da Deusa Sol, Amaterasu, eram trabalhadas danças alegres. Foi a partir daí que é considerada a origem do teatro japonês. Os primeiros espetáculos, propriamente ditos, aparecem por volta do século IX, com as danças executadas por ocasião das festas religiosas, com improvisações de jograis e equilibristas, que interpretavam fatos da vida comum daquela época, alternando o trágico com o cômico.
Três manifestações teatrais são bastante difundidas no Japão, ainda hoje. São elas: Teatro Nô, Kabuki e Bunraku.
Por volta do século XIV, origina-se o Teatro Nô, uma forma mais aristocrata, ou seja, recebida pela realeza e os bem-afortunados. O drama, no teatro Nô, é recuperar histórias com o passado mítico.
Só existem atores no teatro Nô, as mulheres, até hoje, não participam desse tipo de teatro no Japão, por isso, o uso das máscaras torna-se indispensável; elas são usadas para representar o que o homem não pode. Geralmente, destinam-se a interpretar mulheres, anciãos, deuses e espíritos. Esta linguagem de teatro ainda hoje PE feita no Japão, de forma tradicional.
Curiosidade
Você sabia que os palcos do teatro Nô medem sempre 5,5m X 5,5m? E que os cenários são sempre iguais? Há somente uma passarela por onde os atores entram em cena.
As peças do Nô permanecem iguais desde o século XIV; a música é fundamental nas manifestações teatrais japonesas, no teatro Nô, não se foge à regra. O acompanhamento musical é feito por flauta, tambores e tamborins.

                                          Teatro Nô






 
BIBLIOGRAFIA
APOSTILA Caixa Mágica - O Universo do Teatro, Pesquisa: Eloisa Elena e Claudia Miranda
BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro Grego -  origem e evolução, Ed. TAB, 1980, RJ

http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/194383
http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_teatro
http://www.euniverso.com.br/Cult/Arte/aorigemdoteatro.htm
Imagens: www.google.com.br/images





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