quarta-feira, 2 de novembro de 2011

FUNÇÕES NO TEATRO

As diversas funções existentes no teatro

*texto integralmente retirado da apostila “Caixa Mágica – o universo do teatro”, pesquisa realizada por Eloisa Elena e Claudia Miranda

O diretor e o ator têm um papel muito importante para a realização de um espetáculo. Ao diretor cabe ser maestro de toda a equipe e conduzir o trabalho das diversas áreas, de modo a criar uma obra na qual todos os elementos se integrem. Ao ator é, em sua essência, a arte que surge da relação ator/espectador. No entanto, voltamos aqui nosso foco para as demais funções e áreas teatrais que, muitas vezes, passam despercebidas de grande parte do público. Desta forma, elegemos a cenografia, iluminação, trilha sonora e os profissionais destas áreas para aprofundarmos nosso conteúdo.

Área

Profissional que cria

Profissional que executa
Profissional que faz a ação durante o espetáculo

Cenografia

cenógrafo
Cenotécnico, marceneiro, pintor, serralheiro.

Maquinista, contrarregra

Adereços

aderecista

aderecista

Contrarregra e/ou camareira

Figurino

figurinista

costureira, bordadeira

camareira

Iluminação

iluminador
técnico de luz, aderecista de luz, eletricista
operador de luz, operador de canhão

Trilha Sonora

autor da trilha sonora ou diretor musical
técnico de som, operador de estúdio, produtor musical ou músicos

operador de som
Atualmente, esta é uma área em grande expansão, pois existem poucos profissionais qualificados para preencher estes tipos de vaga. Os cursos para área técnica, geralmente, tem pouco tempo de duração e o aluno consegue facilmente inserir-se no mercado.
Para informações sobre cursos acesse:




MAIS UM POUQUINHO SOBRE “O TRIBUNAL DE SALOMÃO...”

ENTREVISTA DA ATRIZ ELOISA ELENA

A seguir você confere uma entrevista da atriz e produtora Eloisa Elena, integrante do espetáculo “O tribunal de Salomão e o julgamento das meias verdades-inteiras”, dada exclusivamente para o nosso blog:



BLOG: Há quanto tempo você atua? Comente sobre os espetáculos que encenou.
ELOISA: Comecei a fazer teatro amador ainda na escola, mas era apenas brincadeira. Meu interesse real surgiu na época do vestibular, e ai fiz o curso de Artes Cênicas da UFMG. Desde então não parei mais. A grande maioria dos trabalhos que fiz foram textos inéditos, muitos deles escritos para o espetáculo. Textos de autores jovens e contemporâneos, mas também já fiz uma adaptação de Edgar Allan Poe, um texto do Yukio Mishima e de Baudelaire.  

BLOG: Como surgiu a ideia de fazer um espetáculo de rua?
ELOISA: Surgiu da necessidade de fazer um caminho inverso ao que sempre fiz, queria ir na contramão da minha estória teatral. Nunca tinha feito nada na rua e esta linguagem me era totalmente desconhecida. Quis encontrar o público no lugar dele e descobrir como me comunicar com ele. 

BLOG: Quais foram às dificuldades para montá-lo e mantê-lo em circulação?
ELOISA: A maior dificuldade da montagem foi a apropriação da linguagem. Tanto eu quanto os outros atores que estão comigo neste trabalho, nunca tínhamos estado na rua. Entender como nosso corpo, nossa voz tinham que atuar e principalmente qual era a cara da dramaturgia, da encenação e praticar a disponibilidade de jogo que este tipo de espetáculo requer.  Por enquanto, estamos circulando porque temos um patrocínio dos Correios e da Racional Engenharia, que contempla 48 apresentações. Quando esta etapa acabar, teremos que tentar vender, buscar outros apoios e patrocínios. Espetáculos na rua, com este porte, só podem acontecer com um subsídio financeiro.  

BLOG: A reação do público correspondeu às suas expectativas?
ELOISA: Sim. É muito bom. É um jogo que acontece entre todos os que estão ali, público, atores, cachorros, ambulâncias.... O público tem gostado muito do espetáculo, isto fica claro quando mesmo no sol forte, no frio, em pé, as pessoas ficam 55 minutos ligadas na cena. No fim, muitas pessoas vêem falar conosco e temos depoimentos muito legais. 

BLOG: Fale sobre alguns imprevistos que ocorreram em cena.
ELOISA: Eles acontecem quase todos os dias. Este tipo de encenação fica muito sujeita ao ambiente externo. É muito frágil. Já tivemos cachorro que entrou em cena e ficou durante muito tempo, bebês, gente que fala ao celular, bêbados que dialogam com a cena, vento muito forte que quase derrubou o cenário. Esta é a loucura. Teatro é sempre algo que acontece aqui e agora e por isto é diferente a cada dia, mas neste tipo de espetáculo o cada dia é realmente muito diferente.  

BLOG: Em sua opinião, o que dificulta a ida das pessoas, em geral, ao teatro?
ELOISA: Em primeiro lugar a falta de educação cultural, falta de conhecimento, de costume. Depois vem as dificuldades de grana, de acesso. Mas acho que a falta de cultura é a maior causa e a pior delas. Em São Paulo tem muita coisa acontecendo de graça ou com ingressos muito baratos e mesmo assim muita gente não vai. A pessoa passa na porta do teatro e não consegue entrar, acha que aquilo não é para ela. 

BLOG: Você acredita que as Leis de Incentivo, que existem atualmente, são suficientes para oferecer cultura gratuitamente à população?
ELOISA: Não, porque ainda são poucas e tímidas diante do tamanho deste país e porque a contra partida principal, na minha opinião, deveria ser ingressos realmente acessíveis e isto não acontece. Os espetáculos cobram caro e dão ingressos para ONGs. Isto não é democratizar.  

BLOG: Quais são as principais dificuldades para se conseguir um patrocinador?
ELOISA: A falta de cultura do empresário brasileiro, o oportunismo de querer patrocinar famosos para usar como marketing da empresa e a falta de uma política mais assertiva do governo.  

BLOG: Qual foi a sua maior motivação para atuar e produzir um espetáculo gratuito e itinerante?
ELOISA: O desejo de fazer algo realmente democrático e acessível. Meu desejo inicial foi o de fazer um espetáculo belo, com uma produção bem cuidada, o melhor que eu pudesse fazer e levá-lo para pessoas que nunca viram teatro na vida. Eu pensei que existem pessoas que devem morrer sem ter ido ao teatro. Não que ir ao teatro seja essencial para a vida humana, mas eu acredito que a vida com arte tem mais sentido.

Acompanhe a agenda do espetáculo "O tribunal de Salomão e o julgamento das meias-verdades inteiras" no site:




"O TRIBUNAL DE SALOMÃO" NAS RUAS

O espetáculo “O tribunal de Salomão e o julgamento das meias-verdades inteiras” foi concebido para apresentar-se em espaços abertos, a ideia de ter como palco parques e praças nasceu a partir do desejo de democratizar o acesso a espetáculos teatrais, contribuir para a formação de público e aproximar o expectador a este tipo de manifestação cultural. Desde a estreia, abril de 2011, o projeto já circulou por mais de 30 parques entre as cidades de São Paulo, São Luiz do Paraitinga, São Francisco Xavier, Monteiro Lobato e Rio de Janeiro (Quinta da Boa Vista, Morro dos Prazeres e Santa Tereza).

Tivemos a oportunidade de assistir a peça no Parque do Trote (São Paulo), onde distribuímos ao público um questionário conforme exposto a seguir:

Os dados estão divulgados em porcentagem. Através do quadro, é possível observar que as pessoas, geralmente, não vão ao teatro pelos seguintes motivos, consecutivamente:
1° Localização dos teatros;
2° Valor do ingresso;
3° Não tem tempo.
Quanto à acessibilidade, observamos que 71% das pessoas entrevistadas não têm fácil acesso ao teatro. 

FOTOS DO PÚBLICO – PARQUE DO TROTE







Fotos feitas pelos alunos: Rodrigo Hovarth, Eurides Caetano e Letícia Garcia.


O TRIBUNAL DE SALOMÃO E O JULGAMENTO DAS MEIAS-VERDADES INTEIRAS

Durante o período de pesquisas para criação deste blog, acompanhamos o espetáculo de rua chamado “O tribunal de Salomão e o julgamento das meias-verdades inteiras” para compreender temas como:

- Concepção de um espetáculo, em especial teatro de rua;
- As dificuldades de apresentar-se em espaços abertos (praças e parques);
- A receptividade do público;
- Entre outros temas.


Sinopse
Em uma praça pública, dois artistas preparam a apresentação do espetáculo no qual investiram suas últimas economias: um tribunal presidido pelo próprio sábio Salomão, auxiliado pela deusa da Justiça.
Mas no momento em que a encenação do julgamento das verdades está para começar, o espaço da representação é invadido por três pessoas envolvidas numa disputa por um frasco contendo algo misterioso.
Tomando aquela encenação como verdade, os três recorrem a justiça de Salomão para resolverem sua grande causa: qual deles teria o real direito à posse do objeto.
Os Artistas, vendo naquela confusão um material mais atraente do que a peça que tinham preparado, abrem a sessão onde cada um dos envolvidos contará a sua versão dos acontecimentos. Após cada um defender seu ponto de vista, um tribunal popular é estabelecido onde não só o direito à posse será decidido, como o próprio conceito de “verdade” será colocado em xeque.
Permeado de referências medievais e mitos populares, o espetáculo faz uma reflexão bem humorada do que de fato é a “verdade” e dos diversos pontos de vista sobre um mesmo fato.
 
Ficha Técnica
Dramaturgia: Paulo Rogério Lopes / Direção: Cuca Bolaffi / Elenco: Eloisa Elena, Cláudio Queiroz, Thiago Andreuccetti, Mauricio Mateus e Alexandre Maldonado / Canções, Produção e Direção Musical: Dr Morris / Cenário e Figurinos: Marco Lima  / Iluminação: Marisa Bentivegna / Direção de Produção: Eloisa Elena / Produção Executiva: Geondes Antônio / Administração: Marina Porto / Idealização e Realização:  Barracão Cultural


FOTOS DO ESPETÁCULO





Fotos de JOÃO CALDAS.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

TEATRO DE RUA

Teatro de rua é uma modalidade teatral em que os atores utilizam seu corpo e sua voz a serviço da construção estética no espaço aberto, sobretudo nas cidades. Nesta atividade, a rua é todo espaço público aberto e apto a receber um espetáculo teatral, como parques, praças, monumentos, edifícios, rios, entre outros, em oposição aos locais fechados.

ESPAÇO URBANO
Dentro dessa modalidade teatral, o espaço urbano e tudo que nele está contido podem vir a ser mais do que espaço de representação, ou seja, ao mesmo tempo em que a cidade é local da encenação, o espetáculo pode se valer de uma paisagem como cenário ou um monumento como elemento cênico etc. A cidade por ser polimorfa, possibilita apropriações diversas. André Carreira propõe um teatro de invasão, que entende a própria cidade como dramaturgia.

O teatro de rua brasileiro se constitui em uma "multiplicidade de linguagens" (Narciso Telles). Amir Haddad, fundador do grupo Tá na Rua, da cidade do Rio de Janeiro, entende que teatro e arquitetura sempre estiveram ligados e que as sociedades ergueram seus teatros conformes seus valores.

ORGANIZAÇÃO
Existem várias organizações de grupos de teatro de rua. Na cidade de São Paulo existe o Movimento de Teatro de Rua (MTR/SP), que juntamente com outros movimentos estaduais deram inicio a uma organização nacional, criando a Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), presentes em vários estados brasileiros.


AUGUSTO BOAL

Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, 16 de março de 1931Rio de Janeiro, 2 de maio de 2009) foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação social, suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política, mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.
Nas palavras de Boal:

“O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'”.

O dramaturgo é conhecido não só por sua participação no Teatro de Arena da cidade de São Paulo (1956 a 1970), mas, sobretudo por suas teses do Teatro do oprimido, inspiradas nas propostas do educador Paulo Freire.

Sua obra escrita é expressiva. Com 22 livros publicados e traduzidos em mais de vinte línguas, suas concepções são estudadas nas principais escolas de teatro do mundo. O livro Jogos Para Atores e Não Atores trata de um sistema de exercícios ("monólogos corporais"), jogos (diálogos corporais) e técnicas teatrais além de técnicas do teatro-imagem, que, segundo o autor, podem ser utilizadas não só por atores mas por todas as pessoas.

Apesar de existirem milhares grupos e centros de estudos sobre o Teatro do Oprimido no mundo (mais de 50 países nos cinco continentes), apenas o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) do Rio de Janeiro é reconhecido como o ponto de referência mundial da metodologia. Localizado na Avenida Mem de Sá nº 31, bairro da Lapa, Rio de Janeiro - RJ- Brasil, o CTO foi fundado em 1986 e dirigido por Boal até o seu falecimento, em maio de 2009.

COMMEDIA DELL’ARTE

Entre os séculos XVI e XVII, na Itália crescem os espetáculos que acontecem destro dos palácios e também nas praças públicas. Surge então a “Commedia Dell’ Arte”, importante linguagem teatral popular, que se utiliza do improviso e até hoje é referência para diversas  linguagens do teatro de rua. Nela, os personagens são fixos, caracterizados por máscaras, comportamentos e atitudes corporais e são divididos em duas categorias: patrões e criados.
Os grupos de “Commedia Dell’Arte” montavam seu palco ao ar livre e, geralmente, chamavam a atenção do público com malabarismos e acrobacias. Seus espetáculos eram improvisados a partir de um roteiro de cenas (canovacci), e os personagens eram fixos.
A maioria dessas trupes viajava em carroça que servia como palco de seus espetáculos, por isso, o cenário era bem simples, geralmente uma tela pintada ou, às vezes, nem isso.
A precariedade de cenário era compensada com a habilidade dos atores.

PRINCIPAIS AUTORES DESSE PERÍODO
Willian Shakespeare (1564 – 1616, Inglaterra): “Hamlet”; “Romeu e Julieta”; “Ricardo III”; “As Alegres Comadres de Windsor”; “Othello”; “Macbeth”; “A Comédia dos Erros”e “A Tempestade”, entre outros.
Molière (1622 – 1673, França): “As Preciosas Ridículas”; “Escola de Maridos”; “Tartufo”; “O Avarento”; “O Burguês Fidalgo” e “O Doente Imaginário”, entre outros.
Lope de Vega (1562 – 1635, Espanha): “Fuentovejuna”; “Estrela de Servilha”; “La Dama Boba”; “O Vilão No Seu Canto”, entre outros.
Calderón de La Barca (1600 – 1635, Espanha): “La Dama Duende”; “Casa Com Dos Puertas, Mala Es De Guardar”; “El Médico De Su Honra”; “La Vida Es Sueño”; “El Gran Teatro Del Mundo”; “El Mágico Prodigioso”; “El Dia Mayor De Los Dias”, entre outros.
Torquato Tasso (1544 – 1595, Itália): “Rime, Animita”

CURIOSIDADES:

Foi nessa época que passaram a ser cobrados ingressos para apresentações de teatro; e ser ator tornou-se uma profissão.
Também foi nesse tempo (séc. XVII) que as mulheres começaram a fazer teatro. Até então, os papéis femininos eram interpretados por homens.












BIBLIOGRAFIA
APOSTILA Caixa Mágica o Universo do Teatro, Pesquisa: Eloisa Elena e Claudia Miranda
Site: http://educacao.uol.com.br/artes/ult1684u14.jhtm
Imagens: