quarta-feira, 2 de novembro de 2011

MAIS UM POUQUINHO SOBRE “O TRIBUNAL DE SALOMÃO...”

ENTREVISTA DA ATRIZ ELOISA ELENA

A seguir você confere uma entrevista da atriz e produtora Eloisa Elena, integrante do espetáculo “O tribunal de Salomão e o julgamento das meias verdades-inteiras”, dada exclusivamente para o nosso blog:



BLOG: Há quanto tempo você atua? Comente sobre os espetáculos que encenou.
ELOISA: Comecei a fazer teatro amador ainda na escola, mas era apenas brincadeira. Meu interesse real surgiu na época do vestibular, e ai fiz o curso de Artes Cênicas da UFMG. Desde então não parei mais. A grande maioria dos trabalhos que fiz foram textos inéditos, muitos deles escritos para o espetáculo. Textos de autores jovens e contemporâneos, mas também já fiz uma adaptação de Edgar Allan Poe, um texto do Yukio Mishima e de Baudelaire.  

BLOG: Como surgiu a ideia de fazer um espetáculo de rua?
ELOISA: Surgiu da necessidade de fazer um caminho inverso ao que sempre fiz, queria ir na contramão da minha estória teatral. Nunca tinha feito nada na rua e esta linguagem me era totalmente desconhecida. Quis encontrar o público no lugar dele e descobrir como me comunicar com ele. 

BLOG: Quais foram às dificuldades para montá-lo e mantê-lo em circulação?
ELOISA: A maior dificuldade da montagem foi a apropriação da linguagem. Tanto eu quanto os outros atores que estão comigo neste trabalho, nunca tínhamos estado na rua. Entender como nosso corpo, nossa voz tinham que atuar e principalmente qual era a cara da dramaturgia, da encenação e praticar a disponibilidade de jogo que este tipo de espetáculo requer.  Por enquanto, estamos circulando porque temos um patrocínio dos Correios e da Racional Engenharia, que contempla 48 apresentações. Quando esta etapa acabar, teremos que tentar vender, buscar outros apoios e patrocínios. Espetáculos na rua, com este porte, só podem acontecer com um subsídio financeiro.  

BLOG: A reação do público correspondeu às suas expectativas?
ELOISA: Sim. É muito bom. É um jogo que acontece entre todos os que estão ali, público, atores, cachorros, ambulâncias.... O público tem gostado muito do espetáculo, isto fica claro quando mesmo no sol forte, no frio, em pé, as pessoas ficam 55 minutos ligadas na cena. No fim, muitas pessoas vêem falar conosco e temos depoimentos muito legais. 

BLOG: Fale sobre alguns imprevistos que ocorreram em cena.
ELOISA: Eles acontecem quase todos os dias. Este tipo de encenação fica muito sujeita ao ambiente externo. É muito frágil. Já tivemos cachorro que entrou em cena e ficou durante muito tempo, bebês, gente que fala ao celular, bêbados que dialogam com a cena, vento muito forte que quase derrubou o cenário. Esta é a loucura. Teatro é sempre algo que acontece aqui e agora e por isto é diferente a cada dia, mas neste tipo de espetáculo o cada dia é realmente muito diferente.  

BLOG: Em sua opinião, o que dificulta a ida das pessoas, em geral, ao teatro?
ELOISA: Em primeiro lugar a falta de educação cultural, falta de conhecimento, de costume. Depois vem as dificuldades de grana, de acesso. Mas acho que a falta de cultura é a maior causa e a pior delas. Em São Paulo tem muita coisa acontecendo de graça ou com ingressos muito baratos e mesmo assim muita gente não vai. A pessoa passa na porta do teatro e não consegue entrar, acha que aquilo não é para ela. 

BLOG: Você acredita que as Leis de Incentivo, que existem atualmente, são suficientes para oferecer cultura gratuitamente à população?
ELOISA: Não, porque ainda são poucas e tímidas diante do tamanho deste país e porque a contra partida principal, na minha opinião, deveria ser ingressos realmente acessíveis e isto não acontece. Os espetáculos cobram caro e dão ingressos para ONGs. Isto não é democratizar.  

BLOG: Quais são as principais dificuldades para se conseguir um patrocinador?
ELOISA: A falta de cultura do empresário brasileiro, o oportunismo de querer patrocinar famosos para usar como marketing da empresa e a falta de uma política mais assertiva do governo.  

BLOG: Qual foi a sua maior motivação para atuar e produzir um espetáculo gratuito e itinerante?
ELOISA: O desejo de fazer algo realmente democrático e acessível. Meu desejo inicial foi o de fazer um espetáculo belo, com uma produção bem cuidada, o melhor que eu pudesse fazer e levá-lo para pessoas que nunca viram teatro na vida. Eu pensei que existem pessoas que devem morrer sem ter ido ao teatro. Não que ir ao teatro seja essencial para a vida humana, mas eu acredito que a vida com arte tem mais sentido.

Acompanhe a agenda do espetáculo "O tribunal de Salomão e o julgamento das meias-verdades inteiras" no site:




Nenhum comentário:

Postar um comentário